RESUMO Objetivo Correlacionar a autorreferência de distúrbio vocal com hábitos que influenciam a produção da voz e situações de violência vivenciadas por professores. Método Participaram do estudo 41 professores do Fundamental da Zona Rural e Urbana. Para a coleta de dados, foram utilizados dois instrumentos: Condição de Produção Vocal - Professor (CPV-P) e o Índice de Triagem para Distúrbio de Voz – ITDV. Para a verificação da associação entre as variáveis, foi utilizado o teste Quiquadrado, com nível de significância de 5%. Resultados A amostra foi composta por oito homens e 33 mulheres com idade entre 25 e 66 anos, com mediana de 39 anos. Com relação aos hábitos vocais, 33 (80,5%) pessoas referiram o costume de gritar, 40 pessoas (97,5%) se autodeclararam falar muito. Quanto aos cuidados com a voz, 31 (73,1%) pessoas relataram ingerir água enquanto realizam uso vocal. Quanto ao escore total do ITDV, 30 (73,1%) professores ficaram acima da pontuação proposta para predisposição à alteração vocal. A análise estatística evidenciou associação significativa entre o gênero feminino e a queixa de violência do tipo pichações. Não foi evidenciada nenhuma correlação significativa entre o resultado do ITDV com o gênero e ITDV com as formas de violência avaliadas no estudo. Conclusão A autorreferência sobre distúrbios de voz não apresentou relação significativa com as situações de violência. Porém, a análise do contexto de violência nas escolas e os problemas vocais são temas que merecem atenção e podem direcionar para a criação de políticas públicas capazes de minimizar o adoecimento vocal e de mecanismos que impeçam ou diminuam as situações de violência na escola.
ABSTRACT Purpose To correlate self-reporting of voice disorders with habits that impact voice production and situations of violence experienced by teachers. Methods The study involved 41 elementary-school teachers of rural and urban areas. Two instruments were used for data collection: The Vocal Production Condition - Teacher (CPV-P) questionnaire and the Screening Index for Voice Disorders - ITDV. The chi-square test was used to verify association among variables with a significance level of 5%. Results The sample consisted of 8 men and 33 women aged 25-66 years with a median of 39 years. Regarding vocal habits, 33 people (80.5%) mentioned the screaming as usual practice, 40 people (97.5%) declared they talk a lot. As for voice care, 31 people (73.1%) reported drinking water while using their voice. As for the ITDV total score, 30 teachers (73.1%) were above the score threshold set for predisposition to vocal disorders. Statistical analysis revealed a significant association between female participants and complaint of graffiti writings as a type of violence. No significant correlation between the ITDV results with gender and the ITDV with forms of violence evaluated in the study was indicated. Conclusion Self-reporting of voice disorders showed no significant relationship with acts of violence. However, analysis of the context of violence in schools and vocal problems are issues worthy of attention, particularly the observed naturalization of gender inssues, which is seldom problematized.
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